Eu no leme

Durante boa parte de minha vida, imaginava que a mudança poderia ser sinônimo de instabilidade, por onde passava rio turbulento, perigoso e imprevisível. Possivelmente esse seja o mesmo pensamento de parte significativa das pessoas, pois mudar requer o exercício de se colocar defronte ao novo, cuja imagem ainda é desconhecida no primeiro olhar e, por não podermos defini-la de imediato, mostra-se assustadora.


Nosso caminhar evolutivo pode nos dar algumas pistas do porquê encaramos o novo com tanto receio. Ao longo dos milhares de milhões de anos, as espécies vivas do planeta buscam sobreviver, estabelecendo um espaço seguro que contenha os meios básicos de subsistência, incluindo a percepção instintiva de segurança, garantidora de uma vida mais longa, tanto em relação aos predadores quanto aos fenômenos naturais aleatórios (terremotos, furacões, enxurradas, dentre outros). Como para qualquer outro animal, também ao homem o medo firmou-se como importante guardião da segurança no planeta primitivo. Na espécie humana, todavia, desenvolveu-se, em exceção, a consciência em algum momento da evolução, de tal forma que o aprendizado que obtivemos através da percepção de nós mesmos pôde ser acumulado, interpretado e transmitido de geração em geração, até chegarmos ao momento atual. Porém, os instintos ainda presentes em nosso corpo e mente biológica, fazem-nos temer os “monstros” que se acobertam nas brumas de tudo que é novo. Fica evidente, portanto, que a forma de sobrepujarmos esse temor instintivo diante do novo será pela imposição da consciência ao pensamento instintivo.


Não podemos, ainda assim, desprezar o medo a um papel de menor relevância no comportamento humano. Ele é tão necessário quanto a coragem e deve ser observado com igual respeito e atenção. É ainda o medo que nos traz o senso preventivo, necessário para evitarmos diversos males. Ocorre que o medo nos acompanha há muito mais tempo que nossa consciência, a qual devemos atribuir uma série de conquistas que tornaram possíveis nossa predominância maciça em todo o globo terrestre, não importando as condições climáticas, geológicas e de subsistência.

Com a consciência conseguimos criar um planejamento que driblasse a escassez de água, alimentos, segurança e toda sorte de imprevisibilidades presentes na Terra. Mesmo assim, ainda o medo primitivo, e que nos acompanhou desde os primórdios de nossa evolução, não sabe disso em plenitude. Ele se manifesta ainda fortemente diante dos quadros mentais associados a tudo que possa gerar risco à vida, dentre eles a mudança e o novo, fatores de alta mortandade nos tempos remotos de nossa história. Parece haver ainda um longo caminho para que os traços do medo primitivo cedam aos avanços trazidos pela consciência humana, tão jovem para moderar e equilibrar esse grande e voraz preservador de vidas.


O que então podemos fazer para colocar o medo em estado normal de atenção, sem que nos dite caminhos ou travas excessivas ao impulso de crescimento e desenvolvimento consciencial? Só me vem uma possibilidade à mente: autoconhecimento. Conhecer-se mais significa ponderar racionalmente sobre limitações e medos provocados por ilusões mentais, algumas biológicas e outras induzidas por crenças diversas, passadas ao longo das eras, além de dogmas, vivência familiar e social. Para isso, precisamos sair da “zona de conforto”, que, como podemos notar, não é assim tão confortável como parece, ao contrário, sufocante e limitadora. Só o novo, a mudança e a busca pela consciência lapidada poderão nos levar à vivência plena de nossa subjetividade, exposição de nossa essência única e liberdade para sermos plenos e nos movimentarmos constantemente. Foi o movimento evolutivo que nos trouxe até aqui e certamente será o mesmo movimento que nos levará além da última fronteira que ainda insiste em se interpor entre nós e o Universo maravilhoso. Viva livre, segure seu leme e siga adiante, desbravando os mares de seu imenso e incrível potencial! Resgate a si mesmo e tenha a vida que nasceu para viver, simplesmente porque você merece. Todos nós merecemos!

Amplie o seu autoconhecimento e autoestima e esteja livre de fobias, medos, traumas, vícios, crenças limitantes e tudo que possa restringir a liberdade interna e externa, fundamentais para o seu crescimento e evolução.

ATENDIMENTO RÁPIDO

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