Abraço & Cura

Até uma parte de minha vida, precisamente minha primeira infância, praticava o abraço espontaneamente, algo visceral, necessário, intuitivo e orgânico. Minhas primeiras lembranças remontam do aconchego do abraço da minha mãe, que me sustentava em seus braços amorosos e me passava calor, proteção, confiança e total ausência de medo. Meu coração pulsava em sintonia com o dela e isso sincronizava o amor filial ao rio profundo de águas límpidas do puro amor materno. Enquanto criança que ainda podia ancorar seu peso no colo de minha mãe, o abraço dela em torno de meu frágil corpo em formação também me sustentava em seu ventre, servindo como apoio para que não caísse, talvez perpetuando instintivamente o aconchego do útero ao máximo possível durante meu desenvolvimento, garantindo, dessa forma, vida plena à sua cria. Ah, momentos mágicos vividos quando eu era um pequeno galho nascendo do tronco firme de minha mãe, por cujas raízes ainda passavam boa parte do meu alimento d’alma, transmitidos pelo abraço! Minha mente infantil não poderia caracterizar o sentido do abraço, contudo meu corpo todo entendia cristalinamente o gesto divino, como se programado fora para captar cada detalhe, determinante à conexão perfeita do mundo com o próprio Universo e, por isso mesmo, com a sobrevivência.


O tempo correu e aos poucos fui esquecendo de minha habilidade natural de abraçar, de transmitir através dos meus braços o dom mais precioso que há em mim: a consciência da vida no limiar do amor, o que me faz íntegro comigo e com o Cosmo. Um ato mágico, de poucos segundos, onde a troca de uma vida inteira ocorre na velocidade da luz e a cura tem seu curso iniciado. Sim, cura! É justamente neste ínfimo intervalo de tempo que posso entregar o que me sobra e receber o que me falta. É nesse momento que meu coração sincroniza em ritmo e frequência com a música produzida pelo Universo e um verdadeiro mundo de possibilidades pode surgir como um milagre não conjurado. Quando nossos braços envolvem o corpo de uma pessoa e pelos braços dela também somos envolvidos, o circuito se fecha, possibilitando o trânsito irrestrito da energia do amor.


Se aprendemos no útero materno as propriedades curativas do abraço, por que em algum momento deixamos de praticá-lo, como se esse símbolo de vida passasse a ser um ato de fraqueza, vergonha ou rejeição provocada por toda sorte de preconceito, instituído por crenças avessas à nossa real natureza de amor e compartilhamento?

Como poderia a natureza sábia, senhora de todos os artifícios necessários para garantir nossa existência no planeta, ter errado em um ponto chave do desenvolvimento humano: compartilhar? Se a habilidade existe, precisa ser exercida ou o desequilíbrio logo se manifestará, indicando que uma correção se faça necessária. Seria necessário chegar a esse ponto para entendermos?


Mesmo doentes por dentro, insistimos em negar a expressão mais pura de nossa natureza, vivendo em abundância o mundo das formas e sentidos, como se isso pudesse substituir a necessidade de expandirmos a nossa essência de dentro para fora, usando o impulso do compartilhar, tornando possível oferecer o que temos de sobra e receber o que nos falta, como fizemos um dia no útero de nosso mãe. Lá ouve o primeiro grande compartilhamento possível à humanidade: amor. Recebemos a vida biológica de nossos pais e a retribuímos de volta na forma de amor. Enquanto a vida nos abraçava, o amor era mais e mais compartilhado por nós, em perfeita harmonia com o dom de viver. Tão somente equilíbrio, como se o abraço fosse o rio que nos conduzisse ao mar de amor, infinitamente.


Redescobri o dom perdido de abraçar, com todo o efeito de cura que isso tem em minha vida, com o nascimento de meu filho, quando pude retê-lo pela primeira vez em meus braços, sentindo o seu coração pulsar junto ao meu. Recebi dele a cura que minha alma precisava e jorrei a ele, em troca, o amor que em minha alma era abundante. Ele me deu tudo que nele transbordava, mesmo sendo uma pequena luz em desenvolvimento, fertilizando o solo ressequido pelas descrenças que insistem em nos tragar. Ele me abraçou pela primeira vez muito tempo antes de poder fazê-lo com seus bracinhos em formação, da mesma forma que me curou anteriormente à formação de sua consciência primária. Tudo graças ao abraço e os milagres que eclodem por meio dele.


Permita-se, só por hoje, ser curado pelo abraço, quer recebendo o que lhe falta, quer oferecendo o que lhe sobra. Apenas deixe que seu corpo e mente, cansados de tanta resistência, sigam o ato instintivo de vida, de amor e compartilhamento e abrace agora.

Amplie o seu autoconhecimento e autoestima e esteja livre de fobias, medos, traumas, vícios, crenças limitantes e tudo que possa restringir a liberdade interna e externa, fundamentais para o seu crescimento e evolução.

ATENDIMENTO RÁPIDO

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